O repto foi lançado aqui no blog pela Sónia e as respostas estavam a ser aquelas que se esperava, ou seja, de uma forma geral todos os meninos e meninas metabólicos, pequenos ou crescidos, levavam lancheira de casa para a escola. Até que apareceu um testemunho diferente. Um Pai que veio contar uma história diferente. Um filho com Fenilcetonúria que desde o fim do primeiro ciclo, a antiga primária, fazia as suas refeições na escola.
Fiquei muito curiosa. Esta história tinha que ter uma explicação, pensei eu. Uma chave escondida que eu não estava a ver. Será que afinal, é possível? Assim sem mais nada? Pensei então em elaborar uma lista de perguntas que me ajudassem a descobrir o segredo do sucesso destes Pais. Algumas perguntas surgiram -me imediatamente e publico aqui as perguntas que fiz e as respostas que o Pai Francisco teve a amabilidade de me enviar. Assim, perante o meu cepticismo inicial, aqui fica comprovado que é possível, sim. Os meninos Metabólicos também podem fazer as suas refeições na escola, desde que haja um óptima colaboração entre todos. E a relação de confiança pode ser estabelecida entre todos, Escola, Cozinha da escola, Pais e criança. E, espantem-se não é nada de outro mundo, nem colégio privado, nem relacionamentos especiais com o estabelecimento de ensino. Nada de especial, a não ser acho eu, uma grande Sorte e uma boa relação de confiança. É esse o segredo. Acessível a todos os que se disponham a fazer a partilha, confiantes e seguros nas escolhas, e que tenham do outro lado profissionais competentes e responsáveis.
Simples? Parece ser.
Perguntas:
- É uma escola pública ou colégio privado?
- Tem um grande contingente de crianças ou era um grupo pequeno?
- A dieta é particularmente tolerante? Ou é bastante restrita?
- Foi fornecida à escola a balança e a dieta?
- As refeições feitas na escola eram feitas com o acompanhamento de algum dos Pais, ou confiavam a escolha do prato às Cozinheiras?
- Havia condições especiais nesse estabelecimento de ensino, como seja uma dietista/nutricionista que desse apoio a este caso particular?
- Foi um regime de excepção aberto para este aluno, ou havia outros com circunstâncias especiais de dieta?
- Algum dos Pais tinha uma relação particular com o estabelecimento de ensino, ou seja, era docente ou discente ou trabalhava de alguma forma nele?
- Foi dado algum apoio ou formação, pelas equipas do Centro de Tratamento que acompanham o vosso filho, à escola e às cozinheiras em particular?
Respostas do Pai:
- Escola pública.
- Era um grande contingente de crianças com algumas centenas, mas só o meu filho é que era portador da referida doença tanto na primária como no Ciclo/Liceu. Sim, era confeccionado um grande número de refeições, mas a dieta era só a do meu filho.
- Sim, a dieta é restrita.
- Não foi fornecido qualquer balança à escola, pois a mesma possuía balança. No que se refere à dieta , claro que foi fornecida.
- As referidas refeições eram escolhidas pelas cozinheiras, mas claro que eram sob/vigiadas pela minha esposa. Ou seja era perguntado ao meu filho todos os dias o que tinha comido na escola.
- Negativo, não existia nenhuma dietista/nutricionista nesta escola que fornecesse apoio nesta matéria.
- Pode-se dizer que foi excepção/bom senso das partes que administravam os serviços, pois na primária não existiam alunos com problemas com dietas mas no ciclo/liceu existiam outras crianças com outras dietas, mas muito diferentes desta.
- Não existia nenhuma relação com o estabelecimento de ensino.
- Não foi dado nenhum apoio/formação, apenas o apoio/formação da minha esposa às cozinheiras que receberam a referida explicação e a foram executando com bastante êxito.
Afinal, a Escola tem que ser realmente inclusiva, não o pode ser apenas no papel. Seria perfeito se todas as Escolas fossem assim, mas eu penso que esta é uma situação excepcional pela perfeita conjugação de esforços, a realidade tem muitos matizes, e às vezes é mais fácil empurrar para o lado. A maior parte das vezes a Escola defende-se e excusa-se a participar positivamente no processo da alimentação especial dos nossos filhos. Não pode ser, não é aceitável.
Os meus agradecimentos ao Pai Francisco por este exemplar testemunho, que espero que sirva de inspiração para mim e para outros.
Também é preciso que da parte da escola haja boa vontade e iniciativa para perguntar como se faz. Para além disso, o que me disseram a mim uma vez foi que não podia entrar naquela cozinha nada que não fosse deles...
ResponderEliminarIsabel Mendonça - Mãe Mafalda (11 anos)
Isabel,
ResponderEliminarNão acho aceitável essa postura da parte de uma Instituição a quem vamos confiar os nossos filhos. Acho mesmo intolerável, discriminatório, as minhas primeiras abordagens ao mundo das creches e jardins de infância, não foi muito feliz no lado da compreensão do problema. Mas acredito que vou conseguir encontrar um jardim de Infância para o João que aceite o desafio, porque é isso que eu acho, deveria ser um considerado um desafio para as escolas. Todos a trabalharmos do mesmo lado. E a Isabel, encontrou depois uma melhor resposta?
Beijinhos
Sofia
Como sempre referi, a Iny comia na escola, com confecção feita na propria instituição e pelos funcionários da mesma.
ResponderEliminarNa primeira creche foi necessário adquirir uma balança porque eles não tinham nenhuma adequada a pesar grama a grama. Agora no Jardim-de-Infância nem foi preciso porque eles já tinham balança adequada às quantidades que neste momento a Iny come.
Em todos os locais, houve uma reunião prévia com a equipa que irira preparar as refeições e sempre houve abertura para o mesmo.
Como sabem a dieta da Iny tem algumas restrições (poucas, mas tem) e sempre enviei os produtos hipoproteicos para que pudessem ser preparados na escola, sobretudo as massas, os leites e as gelatinas vegetais. Enviava também os iogurtes hipoproteicos, mas no próprio dia e confeccionado por mim.
Nunca tive problemas até hoje e acho que depende muito da postura das equipas da cozinha.
Quando a Iny mudou de escola, o cozinheiro até disse...."afinal isto não é nenhum drama... vou fazer tudo da mesma forma, mas com os alimentos dela, com os que ela pode comer e nas quantidades previstas no plano alimentar".....e posso-vos dizer que me tranquilizou imenso a boa receptividade dele, face a uma alimentação, que afinal se faz....de ALIMENTOS!
Querida Sónia,
EliminarObrigado pelo teu testemunho, é um excelente exemplo de alimentação de meninos metabólicos na escola. E já agora, não queres responder ao mesmo questionário que enviei ao Pai Francisco? Ou seja, estabelecimento público ou privado, etc, etc. Acho que é uma boa forma de esclarecer todos. Até porque no caso da Iny, graças a Deus a dieta não é assim tão restrita. Mas, já agora, pode comer carne e peixe? Leite e ovos? Farinhas de trigo?
Obrigado e muitos beijinhos
Sofia
Ambos os colégios eram IPSS
ResponderEliminarAmbos tinham um grande numero de crianças
Tolerante, mas com restrições nas quantidades permitidas
Na primeira instituição foi oferecida uma balança, na segunda já não foi necessário porque tinham uma balança adequada. Em ambas foi distribuido o plano alimentar acompanhado de reunião com a equipa da cozinha.
Equipa da cozinha, após reunião para explicação dos alimentos permitidos/não permitidos, das quantidades permitidas e com o esclarecimento das dúvidas colocadas. (situação que vai sendo sempre esclarecida ao longo do ano lectivo, com as diversas propostas alimentares a serem mais diversificadas.
Não há nenhum dietista/nutricionista nesta instituição
Há outros meninos com alergias/intolerancias alimentares, mas nenhum tem alimentos proprios, excepto uma outra criança que bebe leite de soja (por intolerancia à lactose).
Nenhuma relação de proximidade com as instituições em causa.
A Apofen colocou-se à disposição para reunir com a instituição,mas tal não foi necessário.
A Iny neste momento, já come arroz, carne, peixe, ovo, pão e iorgurtes lacteos, mas come em quantidades estipuladas pela equipa do Centro de Tratmento. Ainda precisa de massas, bolachas, bolos, leite hipoproteicos.
No meu caso quando andava na escola primária como era na mesma aldeia ia sempre comer a casa e a maezinha tinha sempre a comida própria para mim, mas quando fui para o primeiro ciclo que já era numa cidade a 16km de casa, tinha de ir de manha no autocarro e só voltava a tarde. No primeiro dia de aulas eu e a minha mãe fomos a cantina falar com as cozinheiras por causa da minha alimentação, a minha mãe disse que fornecia toda a minha alimentação apenas precisava que elas a cozinhassem, mas elas recusaram apenas disseram que podiam cozer uns legumes e uma batata para eu comer, ou seja durante 4 ou 5 anos eu comi isso todos os dias da semana. Quando fui para o 10º ano disse a minha mãe que tínhamos de arranjar outra solução porque já estava enjoada daquela comida, foi então com muito custo que encontramos um café onde se disponibilizaram a fazer as minhas refeições.
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