People who are different change the world

16/02/2012

Esta coisa de sermos diferentes, às vezes é uma escolha.

Hoje à tarde voltei a encontrar aquela mesma Mãe em quem já reparara há uns tempos atrás. E porque ela em especial me tinha ficado no registo? Porque no parque infantil do jardim, era sua a criança que para meu espanto e algum choque, confesso, andava sem fraldas e de rabinho ao léu, que usava uns cabelos compridos e um colar de pedras que me deixava na dúvida se seria menino ou menina (até ter constatado de forma óbvia que era um rapazinho), aquela mãe que se punha descalça sentada no chão com uma descontracção para mim impossível em qualquer espaço público, que relaxadamente deixava o filho andar sobre a relva à solta, coisa para mim também impossível, porque eu a acho sempre nojenta, cheia de cocós de cão e outros, e que cada vez que o meu Pku da mesma idade a pisa, eu vou logo atrás a policiar o percurso.  Um certa postura blasée indescritível por palavras mas que se identifica em todos os gestos. Uma forma de estar que eu associo a estrangeiros, que sempre me provoca algum espanto, como é que eles conseguem? Viajar com bebés e filhos pequenos, um aos ombros e outro na cadeirinha? Fazer turismo com a pequenada sempre pendurada, a dormir ou acordados, parece que a descontracção é o estado natural destes Pais. Não percebo, mas admiro. Nós Pais portugueses, acho que somos bastante sufocantes com tanta regra e disciplina, em particular se temos algum motivo especial para tal. E nós temos, temos um miúdo Pku, e a disciplina dos horários é a regra de ouro, com as papas e os sonos, e as pesagens e o menino sempre debaixo de olho, se tosse, se espirra, se sei lá o quê. Descontracção é uma expressão  da qual já me esqueci o significado há pelo menos 3 anos.
Mas hoje finalmente, ao fim de uns dois anos de nos cumprimentarmos ao longe com cordialidade mas distância, botámos faladura. Nestes dias frios de Fevereiro, são raras as Mães que em horário de escola, levam os filhos ao jardim. Ao fim de breves minutos já descobrimos que tem uma filha de uma prima que tem provavelmente uma doença metabólica e se trata na zona Norte, mas num instante descobri o mistério que me intrigava. É uma Mãe que por opção, não vacina o filho, não o tem, nem pretende ter, inserido no sistema escolar regular, que abdica do uso de fraldas (daí a criança andar de rabo ao léu no jardim), nunca dá nem lhe deu até agora, medicação, que procura a "terra com bichos" para o filho brincar, que pelo que percebi não o proíbe de fazer as coisas, mas lhe explica com toda a paciência enquanto ele faz birras de se rebolar pelo chão, que não o deve fazer por isto e mais aquilo. Um espanto! Fiquei espantada e um até pouco divertida, de certeza que só come produtos da agricultura biológica e que deve ser vegetariano à força ou coisa que o valha. Trocámos algumas informações sobre colégios e infantários da zona porque procura um onde a aceitem como voluntária para ficar perto do filho e o poder acompanhar, mas até agora ainda não encontrou nenhum que a aceitasse com essa condição.
Há coisas muito engraçadas, os nossos meninos são necessariamente diferentes nesta história da alimentação e nós fazemos tudo para que eles tenham uma integração o mais normal possível nas rotinas comuns. Mas encontramos cada vez mais, Pais que por diferentes motivos, livremente, por opção religiosa ou filosófica, traçam caminhos diferentes para os seus filhos. Em certa medida, esta diversidade descansa-me, o meu Pku vai passar mais discretamente numa sociedade em que há dietas vegan, vegetarianas, lacto vegetarianas, sem glutén ou outras. No meio de tanta diversidade, eles serão mais uns, diferentes como os outros.

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