People who are different change the world

07/05/2015

6 anos de Blogue. A vida de Mãe Pku, por vezes é um caos!

Mais um ano passou e a minha vida de Mãe Pku continua intensa e não demonstra sinais de abrandamento! 
Para quem não se lembra, o João está no primeiro ano da escola pública e eu estou de "serviço" ao refeitório. O que pensei que poderia ser uma fase inicial e que poderia depois ir deixando, passados um ou dois meses, revelou-se de certa maneira um hábito que não consigo largar. Mais dois braços numa escola, revelam-se sempre úteis! E depois esta minha aparente disponibilidade, é naturalmente bem aproveitada pelas crianças que ainda pequenas, precisam de uma atenção mais focada.
Fazendo um balanço do meu lado pku da vida, alguns saltos importantes foram dados, outros ainda estão para vir.
1. A entrada no primeiro ciclo e as respostas do João às exigências deste "primeiro ano do resto da sua vida". O João é um aluno cheio de brio e empenho o que muito me orgulha. Sendo o mais novinho da turma,  cumpre com desempenho as suas obrigações de estudante mini. E já estava a ler antes dos seis anos!
A socialização é complicada na escola, como será para todos. Os grupos e grupinhos nestas idades são tramados e não se inibem de discriminar um colega por qualquer motivo, ser mais o mais novo, ser diferente, o que inclui, a cor da pele, a língua materna, o país de origem, a alimentação, etc Há de tudo nesta turma, e felizmente para o João, há outros miúdos que comem "diferente", por razões de ordem cultural e religiosa. E viva a diferença! Uma das coleguinhas do João, é vegetariana, outro não come carne de porco e ainda outro, não come carne de vaca. Apesar da perplexidade inicial perante os pratos do João, os colegas não raras vezes, lhe invejam a ementa. O João é o único a levar as refeições de casa e o única a ter uma Mãe autorizada a ter presença no refeitório. 
A minha presença assídua na escola é uma faca de dois gumes, quero eu dizer, se por um lado apoio e protejo o João, e tenho a certeza que não há falhas, que ele tem toda a atenção especial que merece, par contre , o processo de autonomia da Mãe não o mais normal. Eu tento disfarçar distribuindo os meus cuidados por todos e hoje em dia quase que faço parte da paisagem. Conheço todos e todos me conhecem, estou ali disponível para "os meus meninos" como dizem as funcionárias. Espero que para o ano seja diferente e o João possa andar mais solto. Também sou alvo de criticas por parte de pessoas do meu circulo como o meu filho mais velho, esta minha tendência super protectora com o irmão, deixa-o horrorizado. Eu sei que vou ter que me refrear, mas quando há um bom motivo, dispenso-me de ir à escola todos os dias. Se calhar preciso mesmo é de ter uma maior quantidade de bons motivos para lá não ir.
2. A toma dos aminoácidos distribuída por três tomas ao longo do dia. 
A colaboração do Professor Pedro e da escola, o processo de autonomia crescente do meu filho, que em caso algum, gosta de dar parte de fraco!, em muito contribuíram para que o lanche com aminoácidos seja tomado sem dramas ou ondas. Inicialmente enviava meia barrinha com aminoácidos para o lanche da tarde, mas o João adere muito melhor ao copinho de "leite", mesmo que seja em crú, sem qualquer aditivo. Era uma das dificuldades que sentia desde que acabei com os biberons da noite, ou seja, desde os dois anos, conseguir distribuir de forma aproximadamente equitativa a toma dos aminoácidos. O meu filho não aderiu até agora a outras formas, o "leite" é o seu básico e garantido suporte para a toma dos aminoácidos. As barrinhas tolera-as com dificuldade, mas ainda não perdi a esperança de que venha a aderir mais tarde.
3. O pão
Duas conquistas maravilhosas e seguras. 
A primeira é que me tornei definitivamente uma padeira de Aljubarrota, e que os pãezinhos que faço para o João são bons e bonitos! Ainda fico deslumbrada cada vez que faço uma fornada de pão para o João, eu consegui ao fim destes 6 anos de mãe Pku vencer de forma excelente! a questão do pão hipoproteico Para tal muito contou este blogue e a colaboração extraordinária das Mamães Pkus, hontra seja feita à Paula Viegas, a nossa Super Chef. Não sei se partilham desta minha perspectiva, mas o pão é uma das questões que mais me preocupava desde sempre. O lado B desta história do pão é que a Mãe Padeira está todas as semanas de serviço porque o pão desaparece num ápice! O trabalho na cozinha não tem fim para um Mãe Pku. Pois....
A segunda boa notícia relativamente ao pão, é que o João aderiu muito recentemente ao pão de forma da Loprofin fornecido pelo CGM o que muito me alegra e facilita a vida. Torradinhas ao pequeno almoço e ao lanche sem mais trabalho para moi! A pesar das minhas reservas relativamente às qualidades deste pão, é de levantar os braços para o céu, esta ajuda abençoada dos pré-feitos.
4. Eu, a minha vida.
Para além do João, a minha vida parece que ficou em stand-by. A paragem profissional dos primeiros anos que no meu caso era incontornável, tarda em regressar. É o meu principal foco de angústia. até quando terei que estar "tão" de serviço? O João continuou este ano a ser objecto frequente das horríveis e insuportáveis viroses, com os valores  de phe a andar a reboque, aos altos e baixos. Se no ano passado consegui angariar alguns trabalhos profissionais e levá-los a bom termo, foi sempre com o credo na boca, à espera que de repente me aparecesse um vírus e que tivesse que recolher a casa. A maior parte do tempo, acho que o João precisa de mais tempo de descanso, de recuperar as forças nos fins de semana, que a escola exige dele bastante esforço, que ele não é muito resistente. Não consigo perspectivar os próximos anos o que muito me preocupa, até quando estas doenças da primeira infância? Sinto-me muito insegura para enfrentar o lado "trabalho", sempre condicionada com estes revezes. Se a minha actividade profissional anda em crise generalizada, imagine-se para alguém que tem à partida reservas de disponibilidade.
Até o meu lado blogger tem sido afectado, as minhas ausências aqui prolongam-se e sinto-me inibida de partilhar as "angústias", quando só gostaria de partilhar alegrias e conquistas. Sinto na pele este impacto limitativo da Mãe que se quer libertar mas não vê luz ao fim do túnel. Prometo a mim própria que vou fazer e organizar encontros, mercados e lanches, mas na verdade não consigo encontrar forças para tal. É um dos meus espaços mais queridos, este blogue que tantas alegrias me tem dado ao logo destes anos. Quero regressar em força, reestruturar objectivos, fazer calendários mas parece que também eu me sinto em stand by aqui. A minha lista de actividades por cumprir é extensa e eu sempre tive a clareza de a projectar no tempo, e tempo de Mãe Pku é para a vida. Não desisti de nada porque não está na minha natureza desistir, mas por vezes é difícil resistir. Aproveitei este ano para fazer alguma formação em áreas que sempre me foram caras ou experimentar outras. Quem procura, sempre alcança é minha convicção. O caos instalou-se, mas a luz chegará, tenho fé. 
E entretanto, apesar de tudo, estou cá.
Um abraço
Sophia

5 comentários:

  1. Cara irmã de armas, não é fácil gerir tudo isso, mas conta sempre com o meu apoio para o que der e vier.
    Na minha opinião tu já tens um bom motivo para refrear essa tua presença nos almoços da escola: autonomizar o João! A escola é um espaço privilegiado para isso.
    Por outro lado, não sofras por antecipação nessa questão laboral. Gere um dia de cada vez (é difícil eu sei e não estou a desvalorizar o problema). A luz vai chegar, tenho a certeza. Um grande abraço e olha que eu também estou cá sempre para ti. Mts bjs

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    1. Chef e mana do coração Paula,
      No compto geral, tudo tem corrido muito bem com o João, mas sai-me do lombo! Vou refrear-me para bem dele, claro. A questão laboral é que tarda mesmo em resolver-se, será que há resolução? Por vezes creio que não. No estado geral deste país, imagino que terei que esconder muito bem do CV esta condição de mãe Pku! Hahaha eu suspiro! Acho que devíamos beneficiar de uma qq protecção, num mudo de sonhos com certeza! Um par time bem remunerado que nos permitisse exercitar os nossos dotes de culinária experimental nos intervalos do café! O que achas?

      Muitos beijinhos
      Sophia

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    2. Sofia um part time seria um sonho...

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  2. Amiga querida, me reconheço tanto em algumas falas tuas. Minha admiração por vc só aumenta. Bjs grandes.

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    1. Querida Dri,
      A admiração e a amizade é mutua. Eu sinto-me muito bem acompanhada aqui, por isso tudo isto me faz tanta falta, o nosso esforço é muito recompensado nesta família metabólica sem fronteiras.
      Para quando vamos marcar um mergulho na culinária hipo? Uma dieta de mães? hahaha
      Um grande abraço de Lisboa para a Dri e para o seu Arthur Filipe cada dia mais bonito e crescido

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