Acabadas de sair do forno |
Ao fim de tanto tempo, ainda mantenho uma insegurança muito grande quando me atiro a uma receita nova para o João. Desta vez, queria fazer umas bolachinhas para o nosso lanche no CCB. Qualquer coisa simples e sem recorrer a muitos substitutos de... ou produtos muito específicos do mundo hipoproteico. Vasculhei os meus sites favoritos à procura daquela receita apetitosa sem ovos, e como me acontece muitas vezes voltei ao meu primeiro recurso de sempre e que às vezes parece ficar esquecido na prateleira, com tantas solicitações internáuticas, o livro de receitas da minha Avó. A minha querida e adorada Avó de Coimbra, de quem tenho as melhores recordações e as maiores saudades. Voltar àquele livro, é sempre um bom pretexto para voltar a mergulhar naqueles Setembros passados no campo, num tempo que parece perdido para sempre,com muito espaço para brincar, ler, passear,apanhar amoras das silvas, fruta das árvores, feijão verde e morangos da horta, fazer bolachinhas, dormir sestas, preguiçar e ser muito feliz, como só se consegue ser na infância. Nostalgias à parte, descobri algumas receitas de bolachas e biscoitos sem ovos, para além das toneladas de receitas com dúzias de ovos! Daqueles ovos gigantescos que íamos buscar ainda mornos ao galinheiro...blhercccc, vida na quinta!
No capítulo dos bolinhos e bolachas, lá descobri umas que me pareceram interessantes e até bem originais, porque levam vinho branco ou jeropiga nos ingredientes. Como é meu hábito, adapto sempre qualquer receita com os produtos que tenho à mão e nada melhor do que na falta de vinho branco ou da jeropiga, utilizar uma garrafinha que estava mesmo à mão, de champanhe que é coisa que eu não aprecio de todo, e que tenho a profunda convicção de que é uma parceiro de eleição na cozinha. Como amanhã vai ser o nosso lanchinho de Natal em que me arrisco a parecer a aprendiz de sempre de cozinha, resolvi arriscar e assim, mano a mano com o meu Joãozinho Pku, descarado a comer a massa e a fazer corações despedaçados com tanto empenho na forma de cortar as bolachas, lá saíram os nossos corações de Natal. Nós adorámos, espero que amanhã comprovem e que também as façam lá por casa.
Ingredientes para meia receita:
- 125gr de açúcar
- 1,25dl de azeite
- 1,25dl de champanhe (vinho branco ou jeropiga na receita original)
- raspa de limão e canela
- farinha q.b. para tender (utilizei a farinha hipoproteica da Loprofin e a Maizena para a bancada)
Junta-se tudo, amassa-se bem e estendem-se bolachinhas finas.
A Farinha hipo, a Maizena para o rolo, bancada e mãos, o champanhe |
Os nossos corações inteiros à beira de serem devorados |
A receita é esta, cheia de mistérios que me deixam sempre com os cabelos em pé para preencher os vazios e os subentendidos do que não vem lá escrito, mas é suposto eu saber, ou adivinhar. Como é que eu fiz? Utilizei a raspa de um limão inteiro, a canela foi a olhómetro, mais para mais do que para menos, e a farinha, acreditem ou não fui deitando na massa e vendo como é que ficava para ter a consistência própria para poder moldar as bolachinhas com o rolo da massa na bancada. O tempo de forno foi, até ficarem com uma corzinha. E assim, se fazem receitas misteriosas com o livro da minha Avó. É para entendidos, receitas para quem sabe decifrar os vazios do discurso, para mim são sempre uma aventura. A quatro mãos.