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06/09/2010

Feto Metabólico!...

Foi a 21 de Maio que descobri que estava grávida. Pela segunda vez, mas do terceiro filho. Para quem não se lembra, o Diogo é gémeo. Depois de muito passar por tratamentos de infertilidade mal sucedidos, mas que resultaram nos meus gémeos, e sem nunca me preocupar com métodos de contracepção, descubro com imensa alegria que estou novamente grávida, pouco mais de 3 anos depois deles terem nascido. Como o desejo era enormíssimo de termos outro filho, e depois de cair em mim que tudo aquilo era verdade e que tinha mesmo engravidado naturalmente, a felicidade é assombrada com a dúvida: será que vou ter outro filho doente como o irmão. Será que Deus me daria um doce amargo?! Uns dias depois, vamos com o Diogo à urgência de Santa Maria.... Ficou internado.... 4 dias com uma acidose. Enfim... embora estivessemos ainda a assimilar a novidade são coisas que acontecem e temos de as encarar e para além disso, já não era a primeira vez que o Diogo ficava internado. Apesar das minhas 7 semanas de gestação, aproveitei e comuniquei à Dra Ana Gaspar o que se passava e ela foi espectacular, e foi logo tentar saber como estavam os estudos relativos à doença. A 29 de Junho fui á consulta com ele e ainda não tinhamos resposta à dúvida que persistia e eu a avançar na gravidez....
Dia 5 de Julho fui contactada pela consulta de genética, pela Dra Juliete Dupont, igualmente excepcional, para que pudessemos conversar sobre o que se estava a passar e sabermos que tipo de saídas teríamos para enfrentar o futuro. Assim foi: foi-nos comunicado que poderíamos saber se o feto teria ou não a doença do Diogo através da amniocentese. Seriam efectuados os cariótipos mas também retirado liquido amniótico para enviar para um laboratório em Espanha para detectar ou não quantidade de metabolitos. Na semana seguinte fui à consulta de alto risco e no dia 20 de Julho, já com 16 semanas e 1 dia fiz a amniocentese e 3 três dias de repouso. Correu bem....
Esperava aguardar 2 semanas, quando na semana seguinte ligaram-nos a marcar consulta de genética para o dia seguinte. Ficámos super ansiosos sem saber o que o futuro nos reservara...
Mas o resultado foi desfavorável. "O bebe tem os valores dos metabolitos muito elevados...", portanto, "o bebe tem a mesma doença do irmão". Chorámos e comunicámos a decisão que já tínhamos tomado antes de saber. Não podemos ter outro filho doente e por isso vamos avançar com a Interrupção Terapêutica da Gravidez. Assim foi e o resto já não vale a pena explicar. Todas as mães sabem como é um parto e como é ter um filho. De uma maneira ou de outra, tive-a (uma menina) mas sem vida! Escolhi não ter um filho doente como muitas mães o fazem todos os dias em todos os cantos do mundo.
Agora, já capaz de falar no assunto, quis partilhar do fundo do meu coração a experiência que tive.
Aproveito para agradecer a todas as pessoas que apoiaram a nossa decisão (em unanimidade) sem nunca pôr em causa se seria a mais acertada. Desde médicos a colegas de trabalho, tive apoio total.
Muito obrigada a todos e nunca se culpem se tiverem de tomar uma decisão dificil....

5 comentários:

  1. Não consigo parar as lágrimas ao saber o que vocês estão a passar. Quando os sinos dobram, dobram por todos. Um grande abraço Sofia

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  2. Bárbara. Se há dias maravilhosos, não há esconderijo para os maus momentos.Mas há alturas, em que uma palavra ou uma mera expressão muda o rumo do seu dia. A arte de viver cada segundo baseia-se na força de manter uma postura simples para combater as verdades do quotidiano. Porque se há hienas na selva da vida, também pode haver cordeiros, é preciso é ter força e saber sempre levantar, quando caímos. Gostava de ter mais contacto consigo. Envie-me um mail com o seu e-mail de msn, ou facebook, ou parecido.
    Um beijinho
    Susana Cruto

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  3. Obrigada Sofia pela força. De facto, o sofrimento foi imenso, mas agora já me sinto melhor. O tempo vai passando e ajudando a sarar as feridas. Um beijinho.

    Su, obrigada pelas palavras. Adicionei-te ao meu Facebook, pelo teu e-mail do gmail. Acho que serás tu (Susana Cruto). De qq maneira: barbaravaladas@iol.pt ou barbaralopes@msn.com (Messenger e Facebook) ou ainda Tlm 965 622 900. Beijinhos.

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  4. Barbara passei exactamento por todo esse processo, com a sorte de que a minha filha não tem a mesma doença do irmão, no entanto a decisão estava mais que tomada caso ela fosse também doente, por isso imagino e sei parte da dor que sentiu. Mas parabens pela coragem e nunca se culpe por nada.Aqui deixo o meu carinho!
    Chamo-me Priscila e tenho um filho com Aciduria Glutarica tipo 2.

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  5. Babita
    Só hj vi o teu post sobre a gravidez interrompida, mas tal como na altura em que passaste por todo este doloroso processo, quero que saibas que nos tens sempre do teu lado, para tudo o que for preciso.
    Sabemos que as estrelas no céu, contam com a nossa menina.
    Tens dois filhos lindos, um marido espectacular e amigos/familia para te apoiar ao longo da vida.
    A vossa familia está sempre nos nossos corações e orações.
    BJS GRDS

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