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30/04/2020

MSUD em confinamento: Família em confinamento e sobrecarga da Internet

Olá a todos, antes de começar quero explicar que o confinamento cá em casa começou pela minha família no início de março com a alteração de rotinas de todos cá de casa, já no meu caso estou em casa confinada desde novembro, mas sem sair de casa na realidade desde do dia 17 de fevereiro. A última vez que saí fomos comer fora no dia da mulher, e em fevereiro para o aniversário do meu avô Anselmo que fez 80 anos.
Cá em casa somos 4 pessoas e dois animais malucos, houve uma grande mudança de rotinas por parte de todos e mais convivência dentro de casa, até os animais estranharam ter a malta toda cá em casa!

No início antes da pandemia, quem estava em casa era eu como estive doente várias vezes e descompensada em novembro, dezembro, janeiro e fevereiro, os meus pais médicos optaram para me proteger que ficasse em casa mais cedo. Acho que devido ao aborrecimento, ao não estar a trabalhar e pelos níveis que estavam instáveis sentia-me irritada e com vontade de sair e depois de uns tempos passou... No final de fevereiro, inícios de março os casos de covid-19 começaram a aparecer em Portugal e o meu pai disse: ficas em casa e com máscara caso venha alguém cá a casa.
Eu fiquei até bastante tranquila, porque já estava meio habituada. Mas uma coisa é em casa sozinha com os bichos todos os dias, outra foi colocar a família quase toda em casa.
 Com as rotinas um caos, cada um começou a reagir á sua maneira ao isolamento. Notei que as coisas mudaram quando as máscaras, álcool invadiram os armários dos medicamentos cá de casa! Acompanhado com uma ida ao supermercado com comida para duas a três semanas...
Aí tomei consciência de que as coisas não iriam ser as mesmas...
O telejornal á hora de jantar é o evento chave todos no sofá e no chão da sala a ver. É a única altura em que vemos as notícias, o excesso de informação dos primeiros dias causou-me ansiedade que não era minha, mas transmitida pela internet e pela televisão. Deixei de acompanhar as notícias para manter a minha sanidade mental...
A minha irmã está a frequentar o 10ºano e de um dia para o outro viu as rotinas da escola terminarem abruptamente. A escola dela informou os pais que as aulas iriam seguir em modo á distância, mas ela sentiu-se perdida durante o resto do segundo período.
 Não entendia porque não podia ir ter com os amigos, agora tem aulas online e explicações online desde das oito e vinte da manhã até ás seis e meia com pausas pelo meio.
Uma confusão começou a instalar-se com o ensino á distância da minha irmã que levou o seu tempo a habituar-se, a minha mãe sendo psiquiatra teve várias reuniões no hospital até ficar a trabalhar de casa três dias e dois ia ao hospital com a linha de apoio á saúde mental das crianças.
 Chegou a receber chamadas de todo o país, também se teve de adaptar ás tecnologias do zoom, teams e outros! Além das aulas de psicologia que dava na universidade que também passaram a online no final de março. Eu continuava com as rotinas que tinha reconstruído para que os meus níveis de leucina não se alterassem muito com este confinamento.
A minha rotina começava ás nove da manhã ou oito e meia acordo sem relógio, comecei a fazer a cama que não tinha tempo na rotina normal na azáfama de manhã para a fazer, levar os animais ao jardim, fazer o pequeno almoço etc. Comecei a fazer várias formações online para me manter ativa e aprender sempre algo mais, continuo em contacto com os meus alunos, apesar de já não lhes estar a dar aulas há meses. Tenho me ocupado e aprendido imenso com estas formações online quer em Espanha, quer em Portugal. Duas vezes por semana, senti a necessidade de recomeçar com os meus exercícios físicos na companhia do fisioterapeuta Ricardo que vai enviando vídeos dele no Youtube para eu acompanhar.
 Tenho voltado a escrever histórias que estavam perdidas algures numa pasta do computador, em algum documento word. A Internet cá de casa cá se vai aguentando com sessões de webminares (formações online) para mim, aulas online da minha irmã, teletrabalho da mamã.
Os bichos têm sentido diferenças e estão muito caseiros, menos o senhor gato.
Temos visto muita Netflix e filmes juntos também, para descansar do tempo em que estamos a trabalhar dentro de casa e partilhamos as tarefas domésticas.
O meu pai têm trabalhado muito no hospital e quando vem a casa ele e a minha mãe fazem toda uma rotina de desinfeção e uso de máscara. Cada vez que vem do hospital ou supermercado a roupa é colocada logo para lavar os sapatos na garagem etc. O tempo tem sido melhor aproveitado, tenho dado conta de que há coisas simples que dou valor como a sopa quentinha ao jantar, a salada partilhada com a mamã, gostar de cozinhar com ela receitas novas quando podemos...
Os meus valores de leucina devem estar controlados pelo como me tenho sentido nestes dias, não tenho feito análises para me resguardar das idas ao hospital, tinha consultas a 22 de abril que foram por teleconsulta. A comida hipoproteica e a medicação não me faltou porque a médica mandou a mais e o INFARMED também mandou receitas extra de fórmula.
Temos estado mais tempo juntos, conhecendo-nos de forma a entender como agimos neste tempo de confinamento e as as saudades da normalidade. Continuo tranquila porque sei que se fico muito nervosa a leucina prega-me uma partida. Já tive medo sim de sair á rua, de ter de ser internada, medo até dos meus pais que estavam na linha da frente...
Quis marcar a diferença e colaborar neste tempo de confinamento, inscrevi-me no projeto #teachers4covid no qual de forma voluntária e gratuita vou dar explicações e apoio de português a alunos que são filhos de pessoas na linha da frente que precisam de apoio em casa para o seu estudo á distância. Um projeto que me tem ocupado as tarde de terça-feira e enchido o coração por estar a fazer a diferença e continuar a ensinar!
Tento estar tranquila e passar-lhes isso, visto que trabalham tanto fora para nos salvar. Aproximei-me mais da minha irmã, aprendi coisas novas, li mais, dou valor ao que perdi á rotina e aos novos hábitos que adquiri enquanto estamos em casa.
Saudades sim dos amigos, familiares que estão longe (Porto, Lisboa e Aveiro), mas também tenho saudades de coisas simples como andar de autocarro. Escrever o que faço diariamente traz-me tranquilidade e vejo que o meu dia é preenchido fazendo algo sempre ou simplesmente não fazendo nada... Falámos muito no grupo de Whatsapp da família, onde enviamos fotos, vídeos engraçados para esquecer tudo isto...
Além de tudo isto, foram os aniversários cá de casa em abril os anos da minha irmã que fez 16 anos e queria ter ido a uma discoteca pela primeira vez! E o meu aniversário que seria com os amigos que já não vejo há dois anos por circunstâncias de ausência da cidade pelo trabalho... Foi diferente, dei imenso valor a dois telefonemas a avó e do meu melhor amigo que me alegrou o dia e cada mensagem que recebi via Facebook ou WhatsApp. As prendas vieram por ctt em vez de ir comprar na loja e a minha irmã deu-me uma caixa de lápis dela embrulhada.
Espero que a comunidade metabólica esteja bem e em segurança quando ler este testemunho...
Quando isto acabar só quero voltar a abraçar e aproveitar a liberdade de outra forma! Com muito mais intensidade sobretudo!

1 comentário:

  1. Catarina,
    É mesmo esse o lado interessante e de redescoberta que nunca esqueceremos, a salada partilhada com a mamã, o cuidar da harmonia familiar para tranquilizar os pais heróis na linha da frente, a entreajuda das irmãs, a prenda dos lápis embrulhada, o simplesmente não fazer nada ou a euforia dos bichos com a casa cheia.
    Não esqueceremos esta fase e também por bons motivos, a pressão do perigo da pandemia faz-nos reavaliar muita coisa e valorizar as que realmente importam!
    Beijinhos com os cotovelos!

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