Cumpri esta semana um dos meus objectivos do ano, a participação plena do João nas refeições da escola. O meu menino da lancheira vê a partir desta semana a sua lancheira muito diminuída pois a partir de agora vai comer a sopa da escola, a salada e a fruta. A não ser que a sopa seja de feijão, ou grão ou que tenha massa.
O João Pku, agora com 9 anos e no 5ª ano do liceu, entra na fila do refeitório com os amigos da turma, passa o cartão carregado de refeições, agarra no tabuleiro como os outros, nos talheres, no copo, as funcionárias servem-lhe uma malga em aço inox cheia de sopa, um prato com muita salada e uma peça de fruta.
-Mãe, a fruta é horrível, manda-me fruta de casa!
- Não quero saber, tiras uma peça de fruta como os outros. Se não te apetecer, guardas e comes no lanche.
Ninguém sonha a felicidade que me provocam estas reclamações! Hoje mandei-lhe na lancheira, uma caixinha cheia de melão, duas mini-bôlas de legumes para completar o prato e os lanches, claro.
Com a professora responsável pelo refeitório, pude conhecer as senhoras que servem as refeições, apresentar o João, ensiná-lo a usar o microondas da escola, explicar brevemente as limitações do plano alimentar. A professora, que por acaso se chama Juliana ( um nome perfeito para tratar destes assuntos!), demonstrou grande sensibilidade relativamente à doença do João, e contou-me que também tem na sua família directa um caso de doenças hereditárias de transmissão genética. Somos muitos os Raros! Tenho que sublinhar o tratamento VIP que foi dado ao João por esta escola que afinal me está surpreender tão agradavelmente. Para simplificar o quadro do João, colocou-o na lista dos vegetarianos, o que me pareceu bem, apesar dos riscos.
Saí da escola depois de ter comprado as primeiras refeições do João, com creme de cenoura para quarta-feira e caldo verde para o dia de hoje. João, não comes a rodela de chouriço!
O panelão de sopa tinha óptimo aspecto, a mega taça de salada cheia das cores preferidas do João, couve roxa (yupiii!) beterraba (espectáculo!), tomate e sei lá mais o quê!
E a cereja no topo do bolo, cruzei-me com as funcionárias do refeitório agora de manhã e para meu espanto quando as cumprimentei e agradeci as atenções com o João, responderam-me as duas;
_ Mãe, não se preocupe, ele é como se fosse nosso filho, vamos preparar a salada à parte e servir a sopa com a malga cheia. Nós somos mães e sabemos como é a vida.
Hoje o meu coração está cheio de alegria e gratidão por tudo isto e quero partilhar convosco esta esperança no futuro e no presente.
Não posso deixar de referir que estas duas senhoras amorosas, vou jurar que são caboverdeanas de origem, com a expressão mais simples e natural de maezonas, me deram uma lição de humildade e amor ao próximo.
Há esperança enquanto houver humanidade nos nossos corações.
Sophia
Há esperança enquanto houver humanidade nos nossos corações.
Sophia
É de lagrimas nos olhos e de coração cheio que leio o seu testemunho. Muito obrigada por estas partilhas. Ao conhecer o percurso dos mais velhos, este coração ainda muito apertado, fica um pouco mais leve. Muitos parabens para si e para o João que é um filho fantastico. Uma caminhda feliz, João
ResponderEliminarMelina, obrigada! Há esperança para nós, graças a Deus! E se há para nós há para todos. Beijinhos grandes
EliminarFantástico !!!
ResponderEliminarEnorme felicidade!!!
Desejo que corra tudo bem e que venham mais mudanças positivas.
Beijinhos dos amigos Mutabólicos
Querida Sónia
EliminarObrigada e muitos beijinhos e saudades para ti e para a princesa Iny
Há sempre esperança se acreditarmos
Oi mama isso è exelente eu no meu percurso de vida nunca comi numa cantina ainda bem que as coisas estao a mudar
ResponderEliminarOlá Julieta
EliminarTemos que ser combativas e nunca desistir!
Beijinhos e obrigada
Olá Sofia , como é bom ler isto e saber que as escolas estão preparadas para atender nossos filhos , o meu ainda está na pré mas sou eu que tenho que levar a comida inclusive a sopa pois onde ele está não há cozinha,eu tenho uma dúvida Sofia é você que pede pra a escola fazer a sopa ou eles tem que fazer porque são obrigados? Esclarece me isto sff pois na escola que ele vai pro 1 ano também não ha cozinha não sei o que devo fazer.obrigada bjs
ResponderEliminarOlá Maria
EliminarO meu conselho é que fale com a escola. Que fale com a educadora, que explique muito bem a condição do seu menino. O sistema, eve variar consoante o tipo de escola, pública ou privada. A nossa questão fundamental, prende-se não tanto com a "obrigação" mas sim com a segurança dos nossos filhos. Eu leio a ementa com antecipação e marco as refeições como as outras mães e pais. Nós também temos que nos adaptar ao sistema. Durante os primeiros 4 anos de escola do meu filho eu mandei a alimentação toda de casa porque não havia cozinha na escola e as refeições embaladas não me ofereciam confiança.
Boa sorte.
Bjs
Mas que maravilha..... fico feliz por João ter “vencido” mais uma etapa. Eu realmente sou uma sortuda, nunca fiz comida para a Núria levar para a creche nem para a pré! Gostava que todos pudessem usufruir desta sorte..... bjos a todos
ResponderEliminarObrigada Sandra! É bom partilhar a nossa felicidade e demonstrar que podemos conseguir adaptar. Não quer partilhar também a sua experiência? Fiquei muito curiosa!
ResponderEliminarBeijinhos
Sophia,
ResponderEliminarEu não tenho muito para dizer mas aqui vai:
A Núria entrou para a creche com 6 meses. Falei com toda a equipa ( educadora e auxiliares ) e dei uma pequena “formação” do que era fenilcetonuria e sobre o mundo das partes. A cozinheira disse logo que não podia fazer comida a Núria pq tinha o lar, creche, domicílios..... eu bati o pé e encontrei pessoas fantásticas! A própria educadora e duas auxiliares inicialmente disseram que faziam a comida a Núria. Correu sempre bem.....
Aos 3 anos tive que procurar uma pré porque onde a Núria estava só havia creche. Tinha boas referências de uma pré que não era na mh freguesia mas que não ficava mt longe da minha residência. Fui falar com a junta e eles pediram reunião com a responsável do restaurante que fornecia os almoços a pré e primária. Quando falei da Núria, a responsável ficou sempre muito atenta e no fim colocou várias questões. À resposta nao podia ter sido melhor: “estou pronta para este novo desafio, vou aprender muito com ela! Traga os produtos e toda a informação que tiver para eu estudar e voltamos a falar em breve”. Passado uns dias, tinha já ementas feitas através de pesquisas e disse logo que a Núria iria ter sempre o mais idêntico possível aos amigos. Dito e feito! Estou descansada até ao 4 ano! Depois logo se vê..... ah este restaurante faz ( se necessário) comida para qualquer PKU se for avisado. Basta ligar e avisar que há uma criança como a Núria. Restaurante no concelho de Pombal!