O meu pequeno pku, um dia destes, no regresso a casa -vamos sempre a pé e é uma óptima altura para pormos a conversa em dia - contou-me um episódio desagradável que se passou com ele e com uma colega de turma. A miúda, que nem por acaso tem mais um palmo ou dois de altura do que ele, (tem mais um ano pelo menos e é de grande porte), resolveu gozar alto e bom som, com o facto de o João só comer coisas esquisitas e tomar um leite nojento todos os dias. É colega do João há 3 anos, brincam normalmente e muitas vezes faz parte dos grupos de trabalho do João. Eu conheço-a perfeitamente, todos os dias nos cruzamos de manhã e ao fim da tarde e até lhe acho graça.
Que dizer, que fazer?
A minha tendência natural é desvalorizar estas questões e dominar reacções exageradas, gostaria que o João desenvolvesse uma fortaleza de espírito que fosse imune a estas atitudes maldosas. Mas no caso, e sendo uma criança que lhe é tão próxima, pensei que o melhor seria tomar uma atitude que servisse em simultâneo para que a miúda desenvolva também ela uma consciência cívica, que compreenda que deve respeitar o outro, mesmo que por ele não tenha empatia. O que nem sequer sei se é verdade. O que não me parece aceitável é que os miúdos ligeiramente, repitam atitudes discriminatórias, sem ter consciência do mal e dos danos que podem causar aos outros.
O que fiz?
Muito simplesmente disse duas coisas, Primeiro, João, fala com o professor Pedro e conta-lhe o que se passou. E a segunda, essa miúda é parva! O que fizeste, riste-te? Diz-lhe que se olhe ao espelho e pense que hoje és tu o alvo da chacota, mas que amanhã podem inverter-se os papéis e ser ela e as suas fraquezas ou diferenças a ser objecto do gozo de outros.
Francamente, não é muito frequente acontecer, mas não é a primeira vez que ouço esta conversa, que às vezes só conta pela metade e nem me quer dizer quem foram os colegas. Tenho-o por um miúdo com uma boa resistência moral, mas mesmo assim , acho que é meu dever protegê-lo e se possível contribuir de uma forma didáctica, com a preciosa colaboração do Professor Pedro, para repor e as boas referências de comportamento cívico na turma.
Hoje abordei o assunto com o Professor e soube que a questão foi tratada discretamente, em conversa a dois e a três. Comme il faut,
Não devemos nem podemos permitir que estas atitudes caiam na banalidade, é a minha preocupação maior. Não devemos também dramatizar e deixar desenvolver mecanismos automáticos de defesa ou fecho para os outros.
Beijinhos & Abraços
Sofia
Como mãe de um, ainda pequeno, PKU este é um dos meus maiores medos, posso dizer que tenho pânico mesmo. Penso muitas vezes se vou ser capaz, se vou conseguir, educa-lo e ensina-lo de forma a ser resistente a este tipo de situações e que saiba desvalorizar sem que isso o afecte. Tenho medo de não saber educa-lo de forma a que não se sinta diferente de ninguem, ou melhor, que saiba que somos de algum modo todos diferentes e que a condição alimentar nele não o torna diferente, "pior" ou menos do que qualquer outra pessoa.
ResponderEliminarMelina, temos que reagir sempre de forma muito equilibrada, não dramatizar, mas também não deixar passar em branco. Mesmo que eu por dentro esteja furiosa, não o deixo transparecer. Eu acho que ele é forte, e sinto que o meu papel é sempre reforçar a sua tranquilidade. Todos diferentes, todos iguais. Seja porque motivo for, a discriminação é intolerável. Nós conseguimos! Beijinhos
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