Também aqui, numa comunidade tão pequena como a nossa e com carências de vária ordem, a vertente socio-económica determina e aprofunda as diferenças. São muitos aqueles que ficam excluídos dos encontros, dos campos de férias, dos workshops. A maioria dos excluídos a que me refiro, tem como principal barreira à inclusão a fragilidade dos meios económicos. Não pode pagar quotas de associações de pais, viagens para os encontros, campos de férias, almoços de festa. Nem sequer tem acesso aos meios de divulgação como a internet ou o facebook. E isto irrita-me profundamente. Também me irrita que muito pouco se faça por eles, que as listas de doentes existentes e rastreadas pelas instituições, hospitais e empresas, não as utilizem para atenuar esse isolamento. De que se fala, e fala-se muito, de responsabilidade social? Toca a todos. Há pequenas coisas que têm pequenos custos para as instituições e que fazem grandes diferenças na vida destas pessoas. Quando me deparo com estas lacunas fico amargurada. Também eu me sinto culpabilizada de não ter telefonado mais cedo para A ou B, para que pudessem organizar as vidas complicadas e ir ao workshop de amanhã. Mas se calhar, devíamos todos pensar um bocadinho nos outros, porque a salvação não é individual é para as comunidades. Quantos serão os que ficam de fora? Pensem nisto.
Um abraço metabólico e melancólico
Sofia