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09/02/2018

Valorizar ou desvalorizar? Uma forma suave de bullying pku

O meu pequeno pku, um dia destes, no regresso a casa -vamos sempre a pé e é uma óptima altura para pormos a conversa em dia - contou-me um episódio desagradável que se passou com ele e com uma colega de turma.  A miúda, que nem por acaso tem mais um palmo ou dois de altura do que ele, (tem mais um ano pelo menos e é de grande porte), resolveu gozar alto e bom som, com o facto de o João só comer coisas esquisitas e tomar um leite nojento todos os dias. É colega do João há 3 anos, brincam normalmente e muitas vezes faz parte dos grupos de trabalho do João. Eu conheço-a perfeitamente, todos os dias nos cruzamos de manhã e ao fim da tarde e até lhe acho graça.

Que dizer, que fazer?

A minha tendência natural é desvalorizar estas questões e dominar reacções exageradas, gostaria que o João desenvolvesse uma fortaleza de espírito que fosse imune a estas atitudes maldosas. Mas no caso, e sendo uma criança que lhe é tão próxima, pensei que o melhor seria tomar uma atitude que servisse em simultâneo para que a miúda desenvolva também ela uma consciência cívica, que compreenda que deve respeitar o outro, mesmo que por ele não tenha empatia. O que nem sequer sei se é verdade. O que não me parece aceitável é que os miúdos ligeiramente, repitam atitudes discriminatórias, sem ter consciência do mal e dos danos que podem causar aos outros.

O que fiz?

Muito simplesmente disse duas coisas, Primeiro, João, fala com o professor Pedro e conta-lhe o que se passou. E a segunda, essa miúda é parva! O que fizeste, riste-te? Diz-lhe que se olhe ao espelho e pense que hoje és tu o alvo da chacota, mas que amanhã podem inverter-se os papéis e ser ela e as suas fraquezas ou diferenças a ser objecto do gozo de outros.

Francamente, não é muito frequente acontecer, mas não é a primeira vez que ouço esta conversa, que às vezes só conta pela metade e nem me quer dizer quem foram os colegas. Tenho-o por um miúdo com uma boa resistência moral, mas mesmo assim , acho que é meu dever protegê-lo e se possível contribuir de uma forma didáctica, com a preciosa colaboração do Professor Pedro, para repor e as boas referências de comportamento cívico na turma.

Hoje abordei o assunto com o Professor e soube que a questão foi tratada discretamente, em conversa a dois e a três. Comme il faut,

Não devemos nem podemos permitir que estas atitudes caiam na banalidade, é a minha preocupação maior. Não devemos também dramatizar e deixar desenvolver mecanismos automáticos de defesa ou fecho para os outros. 

Beijinhos & Abraços

Sofia

2 comentários:

  1. Como mãe de um, ainda pequeno, PKU este é um dos meus maiores medos, posso dizer que tenho pânico mesmo. Penso muitas vezes se vou ser capaz, se vou conseguir, educa-lo e ensina-lo de forma a ser resistente a este tipo de situações e que saiba desvalorizar sem que isso o afecte. Tenho medo de não saber educa-lo de forma a que não se sinta diferente de ninguem, ou melhor, que saiba que somos de algum modo todos diferentes e que a condição alimentar nele não o torna diferente, "pior" ou menos do que qualquer outra pessoa.

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    1. Melina, temos que reagir sempre de forma muito equilibrada, não dramatizar, mas também não deixar passar em branco. Mesmo que eu por dentro esteja furiosa, não o deixo transparecer. Eu acho que ele é forte, e sinto que o meu papel é sempre reforçar a sua tranquilidade. Todos diferentes, todos iguais. Seja porque motivo for, a discriminação é intolerável. Nós conseguimos! Beijinhos

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